A Bandeira Histórica da Galiza – O símbolo da Mátria.
Por Artur Alonso
Ante tudo a cor azul: o azul do céu é também o azul das augas da vida; e dizer a cor da mãe cósmica. As augas azuis da Galiza representam o berço, o útero, a mãe sacrificada. A celeste cor prenuncia a simbologia da soberania feminina, da Deusa Cailleach: A donzela, personificação do verão; a anciã, personificação do inverno; e a Deusa Mãe, personificando da força geradora. A trindade feminina associada a Lua: à grande senhora do destino. Cailleach – Caillicia – Gallaecia: senhora, mãe que ainda hoje guarda baixo seu manto, ocultos, os grandes segredos que conduz ao auto-conhecimento, a realização (individual e coletiva). A mãe, sendo pois o amor-sabedoria, contendedora do conhecimento místico é também compêndio do conhecimento exterior, desenvolvendo-se livremente na natureza e no interior dos segredos que, na mesma natura, tecem a rede da vida.
Verdadeira bandeira histórica com seu pano de cor azul – a cor indiana de Rajas: a Alma coletiva, representativa do tempo psicomental-emocial. Esse pano de serenidade invoca o trabalhar das emoções mais profundo. Trabalho efetivado por meio da mente equilibrada bem instruída. Possível somente esta harmonia trás submeter as paixões mundanas e dominar o medo, o ódio e a fúria, por meio da correta educação e, da constante aplicação daquela calma neutra, que ganha o humano ser ao elevar-se. Somente o ser elevado pode entender a indicação desta bandeira – na taça feminina, em solene calma, pairando sobre o repouso azul com sua imensidão serna. A calma conquistada por aqueles que conseguiram parar, travar os turbilhões de pensamentos. Pensamentos sempre erráticos gerados pela mente, pois a mesma palavra indica que a mente – sempre mente. Lembramos aqui 1º trabalho de Hércules.
A bandeira simulando o mar das ondas límpidas. Do céu silencioso, perfeito – refletidos no suave azul do pano bem harmonizando, com o central desenho da taça, que nos permite chamar à entrada do mundo dos mistérios, das revelações douradas.
Como em aqueles trabalhos, o simbolismo da bandeira histórica galega, lembra aquele filho encarnado, ainda inferior, ainda imperfeito, mas que voluntariamente submete-se a disciplina que fará brilhar no seu interior o verdadeiro poder, que leva dentro. Permitindo alcançar o caminho que leva a libertação – esse mesmo caminho que percorre a cruz branca da pureza, descendo desde o centro universal (círculo branco) ao humano mundanal. Depois contornando a taça elixir, para voltar ascender de novo a unidade do sagrado, uma vez provado o licor da vida: aquele que pode liberar-nos definitivamente da ignorância, segundo o culto medieval estendido da Demanda do Santo Graal. Percival e as lendas do ciclo arturiano e as obras do ciclo bretão, que chegar iam a Galiza, pelo caminho dos trovadores. Graal, do latim gradalis; do catalão greal, com o significado de vaso ou, como pensava Otto Rahn, de prato fundo, para servir alimentos. O alimento, sem dúvida, aqui é conhecimento: elevando saber, que somente conquista aquele que segue a senda, por onde tem ido os poucos sábios que do mundo tem sido, como diria Frai Luis de Leão .
Sete cruzes orbitando debaixo dum círculo branco. Os sete caminhos templários do saber: Grámatica, retórica, lógica, aritmética, geometria, astronomia e música. O sete mágico: sete dias das semana, sete cores do arco da velha, sete notas musicais, com o círculo em branco da oitava acima. Sete é o número maçónico perfeito, aquele associado a Hiriam Abiff, rei de Tiro – construtor do templo original de Jerusalém, cujo túmulo foi elaborado com três números sacros: 3 ,5 e 7, no cumprimento, largura e altura.
O 7 é o número dos números, o número cabalístico mais importante. O 7 representa a simbologia das sete notas da Lira de Orfeu, os sete vícios que devemos transmutar nas sete virtudes (aquelas do poema épico Psychomachia, narrado por Prudêncio no século IV). Os 7 corpos subtis, 7 chakras: o físico tridimensional, o vital etérico, o astral da 5 dimensão (forma lunar associada a deusa e a Rainha Lupa – Luparia, a Loba), o corpo mental pensante; o corpo casual, na sexta dimensão da vontade (associado a mercurial Deus Lugh); o corpo intuitivo, sexta dimensão no intimo; e finalmente, o corpo átmico, Deus interior, Ser Real – Intimo Profundo …
O 7 é o vencedor do plano físico manifestado, aquele que tem soberania sobre os elementos – Conquistador do caminho ascendente.
O 7 também representa o Senhor de si, que já experimentou e venceu as inercias negativas (lunares), retomando sua verdadeira e inicial sabedoria (solar). Aquele sol que lembra o Templo dourado dos Toltecas. Aquele saber que pode, trás atingir a Consciência Maior (nesta viagem das re-encarnações) unir-se ao circulo central – desenhado em branco: o branco sem mácua, imaculado. Circulo matriz. Centro projetor da verdadeira essência espiritual: possuidor de todo o conhecimento interno.
Sete cruzes brancas, descendo e sobindo, pela taça da cor amarela elevada de Sttava (sinonimo de equilíbrio, ordem e pureza). Sete cruzes orbitando em torno do central círculo branco, que lembra a simbologia teosófica do Logos e os sete auto-gerados, a hebraica das sete presenças entorno do pai, ou os sete arcanjos diante do trono de Deus. Confirmada também pelo Apocalipse de São João. O círculo Branco, Parabrahman, o Pai-Mae Universal Indiferenciado, ParaBrahman (alem de Brahma). O círculo Branco, sem ponto no meio – pureza – da qual toda energia promana, lentamente ate densificar nas formas da matéria. Matéria representada a sua vez pela cruz do filho. E de novo as 7 cruzes orbitando: ora descendo, ora subindo – marcando os ciclos, que comandam todos os tempos no universo.
Toda descida ou subida se fez por meio, do 2 Trono, a Mãe, com o seu dorso luminoso virado para cima: assinala o pai espiritual, Brahma (do sânscrito Brih – expandir, crescer, frutificar: poder criador, em seu aspeto masculino). O Trono da Mãe, com seu dorso escuro, virado para baixo: assinala o filho, desenvolvendo-se no mundo material. A Mãe, pois intermediaria, liame que une Pai e Filho. A força feminina verificada na taça amarela – griálica: berço, útero, onfalos. Portal de entrada e porta de saída para o Logos principipal ou primordial – na tradição gnóstica, como a galaica priscilianista.
A taça grialica no centro – da tradição druídica do caldeirão de Keridwen, caldeirão da sabedoria; do caldeirão de Brian – caldeirão da eterna vida, ou dos guerreiros indomáveis; que passa àquela tradição artúrica, dos cátaros albigenses da Occitânia, já cristianizada e misturada da doutrina esotérica masdeísta. Para filnalmente resaltar como a taça ou elixir da eterna vida (contendo o licor cristico – licor da eterna vida: conhecimento arcano, iluminação).
Estamos diante da bandeira que representa a Mãe, a gestação – o umbigo que conecta, ou a unidade com o todo – a ponte entre o Pai e o Filho.
A cor amarela da taça, representa a vontade espiritual – o Imanifestado perfeito, de onde surge a energia que cristaliza no material, sendo esta energia ouro, luz perfeita. Na materialidade pode desvirtuar-se, no espírito volta a perfeição.
Assim, que resumindo estamos ante uma bandeira, que contem o símbolo da Eterna Mãe – o Amor-Sabedoria: A proteção dos filhos. Essa bandeira, simbolicamente enarbola – o amor pela verdade, a vida, assim como a proteção dos seres límpidos de coração, no seio da mãe verdadeira. A senhora Ilustre, aquela que nos lega a tradição dos seres livres, no verdadeiro conhecimento que unifica e não divide: aquela verdade que livres nos faz.
A bandeira histórica representa um poderoso símbolo de identificação do povo com seus valores culturais mais profundos. Sua utilização em todo tipo de atos coletivos: sociais, políticos, culturais… vai fornecer ao povo um magnífico elemento de realização simbólica, de identificação com sua vertente espiritual mais profunda e amorosa, ao tempo que sua repetição constante, sua popularização traz consigo, que este poderoso estandarte passe a formar parte do imaginário coletivo galaico. Dotando a este povo duma ligação profunda com o conhecimento intuitivo interior brilhante, que conduz ao mesmo povo a trilhar a senda do amor, a paz, a confraternização e ajuda mutua, que sempre preconizaram os verdadeiros filhos desta Mátria.
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