“UMA Reflexão PROFUNDA”
“ …A espécie humana hoje, com todas suas enfermidades e aberrações, chafurda às cegas num terrível pântano…
“Israel Regardie – do livro: “A arvore da vida””
Mensageiro da morte e munido de tentáculos de destruição, esse pântano colhe a espécie humana com crescente firmeza para seu seio, ainda que com grande sutileza e furtivamente.
Civilização, por mais curioso que seja, civilização moderna é o seu nome. Os tentáculos, que
são os instrumentos inconscientes de seus golpes catastróficos, partem da estrutura enferma,
falsa e repugnante do sistema social decadente e do conjunto de valores em que estamos envolvidos. E agora, toda a textura do mundo social parece estar em processo de desintegração. Pareceria que a estrutura da ordem nacional está mudando da ruína econômica para aquele abandono derradeiro e insano que pode contemplar a extinção dessa estrutura num precipício escancarado rumo à completa destruição. Enraizados firmemente na plenitude da vida individual, os até aqui robustos bastiões de nossa vida estão sendo ameaçados como jamais o foram. Parece cada vez mais impossível diante do poente de cada sol para qualquer um reter mesmo a mais ligeira porção de seu legado divino e individualidade e exercer aquilo que faz de nós homens.
…A atitude singularmente tola adotada pela maior parte da moderna humanidade européia “inteligente” para com essa aspiração constitui um grave perigo para a raça, a qual se permitiu com demasiada impaciência o esquecimento daquilo de que realmente depende, e de que é continuamente nutrida e sustentada tanto em sua vida interior quanto exterior. Agarrando-se avidamente à evanescência flutuante da precipitada existência exterior, sua negligência com relação aos assuntos espirituais somada à sua impaciência para com seus semelhantes mais perspicazes constitui um marca de fadiga e nostalgia extrema.
… Embora desgastado, o adágio “onde não há visão as pessoas perecem” não deixa de ser verdadeiro e digno de ser repetido porquanto expressa de maneira peculiar a situação hoje
preponderante. A humanidade como um todo, ou mais particularmente o elemento ocidental,
perdeu de algum modo incompreensível sua visão espiritual
… As anomalias que se nos apresentam hoje se devem a esse rematado absurdo. A espécie humana está lentamente cometendo seu próprio suicídio. Um auto-estrangulamento está sendo efetivado mediante uma supressão de toda a individualidade, no sentido espiritual, e de tudo que a tornou humana. Prossegue sonegando a atmosfera espiritual de seus pulmões, por assim dizer. E tendo se separado das eternas e incessantes fontes de luz e vida e inspiração, eclipsou-se deliberadamente diante do fato – com o qual nenhum outro pode comparar-se em importância – de que existe um princípio dinâmico tanto dentro quanto fora do qual se divorciou. O resultado é letargia interior, caos e desintegração de tudo o que anteriormente era tido como ideal e sagrado”
“…Uma vez superado o ponto de vista do ego pessoal, resultado de eras de evolução, o homem
pôde ver os grilhões da ignorância caírem por terra revelando uma paisagem desimpedida de
suprema beleza, o mundo como uma coisa viva e júbilo infindável.
…A maioria dos leitores terá ouvido falar da experiência do grande místico alemão Jacob Boehme,
que, após sua visão beatífica, penetrou os campos verdejantes próximos de seu povoado contemplando toda a natureza flamejante de luz tão gloriosa que até as tenras folhinhas de
grama resplandeciam com uma graça e beleza divinas que ele jamais vira antes.
…Obstando este gozo estático da vida e tudo o que o sacramento da vida pode conceder, existe uma causa radical da dor. Em uma palavra, ignorância. Por ignorar o que em si é realmente, por ignorar seu verdadeiro caminho na vida, o homem é, como ensinou Buda, tão acossado pela tristeza e tão duramente afligido pelo infortúnio.
…De acordo com a filosofia tradicional dos druidas, cada homem é um centro autônomo único de consciência, energia e vontade individuais – numa palavra, uma alma – como uma estrela que brilha e existe graças à sua própria luz interior, percorrendo seu caminho nos céus reluzentes de estrelas, solitária, sem sofrer qualquer interferência, exceto na medida em que seu curso celeste seja gravitacionalmente alterado pela presença, próxima ou distante, de outras estrelas.
Visto que nos vastos espaços estelares raramente ocorrem conflitos entre os corpos celestes, a menos que algum se extravie de sua rota estabelecida – acontecimento bastante esporádico –, nos domínios da espécie humana não haveria caos, haveria pouco conflito e nenhuma perturbação mútua se cada indivíduo se contentasse em estar firmado na realidade de sua própria consciência superior, ciente de sua natureza ideal e de seu verdadeiro propósito na vida, e ansioso para trilhar a estrada que tem de seguir”.
Deixe um comentário
Tem de iniciar a sessão para publicar um comentário.