Palestra 19/09/2016, Ourense – Galeria Sargadelos
Artur Alonso

Diz HPB em “Issis sem véu”: “Mas, embora o mundo da matéria seja ilimitado para nós, ele ainda é finito; e assim o materialismo girará para sempre num círculo vicioso,incapaz de elevar-se acima do que a sua circunferência permitir. A teoria cosmológica dos números que Pitágoras aprendeu dos hierofantes egípcios é a única capaz de reconciliar as duas unidades, matéria e espírito, e de fazer com que uma demonstre matematicamente a outra”
A idéia fundamental de Pitágoras, era a de que existe um princípio permanente de unidade sob as formas, as mudanças e outros fenômenos do universo. 
Platão disse: “Idéias são objetos de concepção pura para a razão humana, e são atributo da Razão Divina”; “Deus formou as coisas tais como apareceram no princípio de acordo com formas e números” Então, seguindo esta lógica, geometria e matemática, são a base do universo.
A unidade na multiplicidade, o Uno desenvolvendo o múltiplo e o múltiplo desenvolvendo a essência do Uno, parece ser a base da filosofia Platónica e da matemática pitagórica.

Segundo a versão, do Livro da Criação, feita por Papus: "Deus Santo (o que outras cosmogonias chamam do Incognoscível ou o Imanifesto, ou os ateus de Inteligência Cósmica) grava seu nome por três numerações: O número, o que numera e o que é numerado". A Inteligência cósmica, pois grava seu carimbo, segundo afirmavam Platão e Pitágoras, pela geometria e os números. E agora sabemos, pelos adiantos tecnólogicos, como o telescópio Havel, que em essa geometria a forma oval e espiral tem um particular relevo. 
As 10 Sefirotes, esferas cabalísticas da árvore da vida, são também constituídas pelo número, em este caso, na base decimal. 5 Sefirotes, a cada lado a árvore, como os dedos das mãos. No meio delas está a Aliança cabalística da Unidade. Por cima delas tão só o Inefável EN SOF. 
As 10 propriedades fundamentais destas 10 sefirotes, são infinitas:
O infinito do princípio, O infinito do fim, o infinito do bem, o infinito do mal, o infinito da elevação, o infinito da profundidade, o infinito ao Oriente, o infinito ao ocidente, o infinito ao norte e o inifito ao sul. Fazendo com esta alegoria fincapé no ilimitado da criação. 

Quando o desejo pela conexão direta com essa Inteligência universal, se insere e fortemente se enraíza dentro do coração humano - dizem os cabalistas - todos os outros desejos corporais e materiais, começam a desaparecer. O desejo de conexão com a Unidade, começa então a expandir-se dentro do nosso coração, abrindo sua espiral ascendente de tal forma, e com tal força, que o resto dos velhos desejos e paixões acumuladas, no nosso interior perdem consistência e finalmente se esvaem. Ao concretizar a conexão, todo medo incluíndo o medo a morte – afirmam os grandes místicos, que atingiram a iluminação – também se esfumam com esta ascensão: O ser se torna realmente e, por pirmiera vez, livre. Suas decisoes ficam fora dos condicionantes da materia, pode viver como àguia dos Laikas andinos, por cima de todos os problemas, dores e sofrimentos deste mundo. A alegria verdadeira, a que não é efêmera e, pelo tanto dependente de circunstâncias, se abre passo por todo seu corpo, alma e espírito.

É esse caminho, que um caminho do meio, ou um percurso entre a dualidade, começa ao percer dentro do nosso coração.

O coração parece então ser uma das chaves para a realização dessa paz interior, tão anelada por todos os seres humanos, de todas as condiçoes e de todas as épocas históricas. É no coração, talvez que deveremos encontrar a capacidade para equilibrar nossas emoçoes e acalmar nossa mente, logrando a verdadeira alquimia psicologica: a união e fusão do mundo emocional com o racional, dando passo e abrindo a janela, para que o mundo intuitivo possa também entrar dentro da nossa realidade e realização. Subindo assim talvez um novo patamar que nos permita encontrar novas e masi súbtis ferramente, quiçás mais adequadas, para lidar com as novas provaçoes e novos retos, que sumados os velhos ainda sem ressolver, opoem em dificuldade o avanço da huminidade. 
O coração pode ser essa porta também para o encontro com a unidade. Diz Rumi, no seu famoso livro Masnavi: “ Se tens um coração, fazei tawaf (a círcunvalação a Kaaba, na Meca) ao redor dele! Espiritualmente falando, a verdadeira Ka’aba, não é a mundana, feita de pedra e pó, é o nosso coração. Allah tornou obrigatória a realização do tawaf ao redor da Ka’aba tangível para que possamos obter uma pura e limpa Ka’aba do coração”.

Nós aguardamos que esse coração limpo já de pequenos medos, ódio, resmorsos, inveja, dúvida, luxuria... Seja o início dum novo ciclo para a humanidade. Esse novo ciclo tem de ser realizado através de pequenos passos no caminho da Confraternização, tanto dos indivíduos, como dos povos, culturas e colectividades. Da quebra da divisão de fronteiras, da reconciliação dos opostos. 
O IGESIP (Instituto Galego de Estudos Internacionais e da Paz), tem desenhado um "tríplice caminho" ou "tripla senda" que, deve ser percorrida ao uníssono - pois todas a rotas, afinal, estão entrelaçadas; para a superaçao integral da Guerra e Confronto permanete em que vive a humanidade. Esta senda é denominada de

Tripla Libertação, consititente em:
1.- Libertar as pessoas da Ilusão dos Sentidos. Trabalhando com o Ser Interior, desde a inteligência ética, que deve comandar a inteligência habilidosa e os nossos processos cognitivos, como o pensamento, a linguagem, a percepção, a memória, o raciocínio e outros, que fazem parte do nosso desenvolvimento intelectual. 
Evoluir, pois dos preconceitos, próprios de cada indivíduo, cultura e sociedade para uma visão mais aberta de conexão com aquilo, que em apariência pode resultar diferente (mas que se reparamos no fundo, e não na forma, tem a mesma raiz) . Consciência mas ampla da realidade ser poliedrica e criada, a partir de multiples camadas, em apariência divergentes, mas que juntas formam uma diversa mas harmónica unidade. 
Trabalho interior ativo, então a ser fomentado desde a escola ao seio familiar e laboral, para despertar as reais potencialidades dentro de cada indivíduo – Com o intuito de ampliar as possibilidades de realização da cada cidadao e do conjuto da sociedade.
2- Liberar a sociedade dos condicionares limitadores. Implica ultrapassar o modelo social piramidal - organizado baixo o influxo da guerra e concorrência permanente. Procura dum modelo social mais justo, evoluído, participativo - com relacionamentos mais fraternos, entre pessoas (que sendo de diversos niveis culturais, sociais e de idade) podem exercer ajuda e aprendizagem mútua entre iguais. Por meio dum conhecimento mais amplo das suas próprias realidades e da realidade social e sua conexão com o meio ambiente que a rodeia. Conhecimento do ser e a sociedade, dentro sua vertente natural - denomido pelo Ecologismo Ativo. 
3.- Libertar os povos da guerra e desconfiança mutua. Por meio do conhecimento aberto, sinceiro, não interesseiro das diferentes formas de olhar, sentir e perceber o mundo. Desenvolvendo aceitação e compreensão mutua. Fomentando a inter-relação sem prejuízo e, a confiança mutua. 

Significado
O 1º Aspeto é Pacificação do ser humano: significa a confraternização de Emoções e Mente. Dentro do caminho de compreensão mais amplo do que significam nosso mundo emocional e racional. A vez que a pacificação exterior da sociedade, através da planificação ética participativa, tendo em conta a natureza de cada um e onde um pode prestar melhor serviço a essa sociedade. Com o qual entramos ou, melhor dito, estamos dentro da segunda senda: 
2º Pacificação social. Este aspeto significa a pacificação dos modelos políticos, sociais e de desenvolvimento económico, com o meio ambiente vital para sustentabilidade planetária. A vez que situar a economia em equilíbrio com o resto da ciencias, tirando-lhe a centralidade, que converte os centros financeiros globais em vorazes autistas, isolados da realidade que os circunda. Procurando um modelo participativo nas decissoes globais que afetam a humanidade, em que todos os sectores estejam representandos e podam dialogar, em pé de igualdade. O qual nos leva já ao terceira senda: 

3º Enraizamento e Pacificação entre os povos e culturas. Refere-se este aspecto a confraternização do individuo com as suas raízes. Consideração de todas as vivencias e culturas como achegas globais à humanidade. Confraternizando povos, culturas, entendidas como criação peculiar de pensamento diverso (mas não divergente), através do entendimento por meio do ouvido atento a palavra limpa dos outros, a língua aberta ao conhecimento da verdade alheia, e o coração aberto as emoçoes e sentimentos dos outros povos. Potenciando dialogo permanente, para conhecer outros aspectos da realidade: outros modos de interpretar a mesma: outras linguagens, outros simbolismos. Aprendendo a confraternizar modelos diferentes, que visam um mesmo objetivo dentro dos três níveis: harmonizando ser humano – com sociedade, o meio ambiente natural – sua cultura e as achegas culturais, dos outros territóiros. Entendendo, aqui, como cultura um modo muito amplo de acervo patrimonial material e imaterial legado e convervado por uma comunidade. Como bem enfatizava Edward B. Taylor, podemos definir cultura como: “...todo aquele complexo que inclui o conhecimento, as crenças, a arte, a moral, a lei, os costumes e todos os outros hábitos e capacidades adquiridos pelo homem como membro duma determinada sociedade”.

Tendo em conta que este conceito de cultura se torna sempre muito complexo e quase imposível de definir, em um modelo único basico, essa amplitude enriquece todavia mais o proprio conceito; pelo qual em termos de cultura, o conhecimento se deve tornar-se mais vivencial que racional. Precisamente porque definir é criar finitos, delimitar, e toda cultura se assenta mal dentro dos limites duma definição . E os mesmos limites duma cultura desaparecem, se amplificam, mutam e se multiplicam ao contacto com outras culturas (contato inévital, vigorizador e saudável, para ambas as culturas que se cruzam no seu caminho, de natural evolução . Sendo o devir histórico, de continua mudança e interação entre culturas, com ciclos de ascensão e decadência, dentro das mesmas. O qual já em estas alturas históricas abre nossa consciência a uma visão mais abrangente da necessidade de cooperação e conhecimento mútuo. 

Modelo
A partir de estes alicerces podemos e deveremos construir um modelo não dogmático, abrangente, flexível, aberto e com raízes sólidas; onde todas as visões interatuem, e a síntese seja essa precisamente: o próprio continuo contanto, que cria suas próprias e naturais dinâmicas de fusão. 
Na natureza toda gota de água é uma prova da fonte de onde procede. De igual forma das diferentes culturas são gotas de água duma mesma fonte de procedência: a essência comum primordial de toda à humanidade. De essa essência, desse ponto inicial, pelos extremos nos separamos, pelo meio voltamos à união. Significado simbólico esotérico do triangulo equilátero: a harmonização dos contrários, trás ser unificados, fusionados, reunidos de novo pelo caminho do meio.

Atravamo-nos pois como humanidade, a começar, na medida das nossas possibilidades a trilhar esse caminho.