Sentado no centro do mundo está Deus com cara de cão em desencanto com o ser-do-homem que se faz boludo, diábolo da pedra do reino e de avalovaras sem tons e veredas…
“Lúcia Helena Alves de Sá“ Com o compasso e a rosa, espia o ventre da terra, risca o céu um furor de relâmpagos. O regresso ao princípio negador de o Nada existencial (do qual o Tudo existencial aflora e vige) vigora na contemporaneidade a mover-se no nada, em caos absoluto. Não há mais gênios nem mesmo os marginais que possam transgredir e superar a tudo o que há de negativo no mundo. Perdeu-se a racionalidade (razão) e o homem de hoje atingiu apenas a intelectualidade (intelecto). Estamos na diáspora de nós mesmos, destituídos de Autos: o espaço do Sagrado e de Chronos em que se exercitam as noúres (em grego, espírito ou verbo).
Perdidos, partidos e até olvidados da co-presença da consciência de Deus — aquele primeiro pensamento que pensa e que só se manifesta em vivência ética social — não exaltamos a nossa subjetividade na qual o sujeito íntimo, que é Aquele que nos provê, expirou: é nada. Estamos no nada, o que mais afronta a dignidade humana, pois somos apenas objetos abjetos, enquanto deveríamos ser uma racionalidade entre outras tantas que têm vida própria e uma aspiração de transcendência, somos tão somente a porção mais vil do caos ao absurdo de um drama humano de tal forma que não há visão a partir de lugar nenhum para uma admissão em que o homem deixe que brote de si tudo quanto é de possibilidade divina ao mesmo tempo em que não perca nada da sua humanidade, do Espírito Livre, Santo, estado em que o homem adquire a consciência crística que já deveria estar a governar vidas de crentes e ateus de todos os povos.
O que nos deveria interessar não é senão a edificação de nós mesmos: a catábase que exbrange sentimento, conhecimento e experiência em comum com o “outro”, tendo com ele proximidade de tal forma que expresse o fenômeno do duplo na medida em que se torna um “ator” por meio do qual o “outro” se manifesta. Na condição de ator, o sujeito pertence ao mundo do evocado, sendo capaz de observar e criticar o “eu” e de exercer influência sobre ele.
Se i-dentidade e di-ferença compõem a vizinhança da mesmidade poético-filosófica do novo mundo que queremos instaurar, cada um de nós tem de dizer o Ser poeta que somos e como poetas nomearmos o Sagrado perdido. Temos de ser autores de uma nova linguagem que mostre o Ser em sua relação com o mundo e, por conseguinte, estabeleça a possibilidade de articulação de sentidos seja com o mítico, o poético, o filosófico, até mesmo com a existência mesma de o Nada que é o Tudo. A bem da verdade, tal linguagem constitui-se em um afluxo do dizer sempre em jogo cuja essência é a ação de fundamentar, concentrar Deus (o Da Sein no homem) para a experiência humana, para a ek-sistência.
Eis a nossa catábase a destituir o diabólico da diáspora de o Nada, pois que o fazer do homem é vislumbrar a di-ferença ontológica entre o Ser e o ente, di-ferença que comunga uma unidade interioridade/exterioridade em estado de nascimento, de contínua recriação e retificação. Uma dialética do possível que busca a coerência de (co)presença especificada sob o signo da complementariedade que se dispõe na continuidade da conciliação dos contrários. Quer dizer, toda atitude humana tem de se apropriar da linguagem que expressa a experiência do acontecimento que instaura, no desígnio do dizer, a ressonância de que Deus é o único sentido oculto das coisas e do homem que têm existências por que Ele é. A significação delas é Deus.
A linguagem humana e as atitudes do homem no espaço que o cerca estabelecem, assim, a intimidade do universo relacional existente entre Deus, as coisas e o homem, celebrando a conjunção dos contrários projetados no curso dinâmico do “é” de Deus que, parecendo igual, nunca se imita a si mesmo. Esta determinação de que Deus “é” só se torna compreensível devido à língua portuguesa, a única capaz de bem distinguir a di-ferença ontológica entre ser e estar. O verbo ser, indicativo de perenidade e infinitude, pertence eternamente a Deus. Tudo o mais aí está em duração finita. A língua portuguesa permite que seja dito que a essência/substância de Deus é a sua eternidade. Se Deus é eterno, então, a Sua áurea — Graça — está nos eventos reais, na concretude finita da vida infinitamente do mínimo minimorum de uma partícula à complexidade dos seres humanos.
O dizer de uma nova linguagem está envolto pelo encantamento das presentidades várias e divergentes que é o poema-Deus-poeta. Compreende não um real aparente, porém, uma realidade existente ou de uma aparência que fosse aparição da realidade, mas não a aparência a que à realidade se opõe. Deus aparece em uma interdependência dialética ma(i)s viva que àquela que se assenta longe da normalidade que reifica o homem e que se expressa avessa ao mundo despotencializado, construído e dominado pela lógica do pensamento calculador ou pensares costumeiros. Nossa nova linguagem é eivada e indicativa do inexprimível da própria coisa evocada. Assim sendo, deve tender a mostrar a realização da alethopoíesis do ethos de Deus e de Deus no homem que jamais é redutível a uma formalização reiterável visto que é transbordante de transdescendências e aparências.
Deus, força inquebrantável cujo Espírito que é Santo coordena e dá ek-sistentia ao universo e ao ser do homem, só adquire conteúdo teórico na aproximação excessivamente intelectualizada ou na proximidade lúdica de uma razão que sonha o Inominável sendo tempo algum e todos os tempos. Mesmo exaurindo todas as possibilidades racionais, esquadrinhando imagens e enovelando palavras, Deus sempre escapa à compreensão definitiva. É uma instantaneidade eterna.
Em torno do significado de Deus se estabeleceram atribuições genéricas que só adquiriram entendimento quando expressas sob particularidades filosóficas. Logo, pôde ser captado como sendo o princípio que possibilita a existência do mundo e do ser de todo ente, bem como a fonte de tudo o que há de excelente no mundo, sobretudo, o que diz respeito ao mundo do homem. Entretanto, essas qualificações distinguiram entre si outras concepções específicas de Deus. Ou seja, quando posto em referência ao mundo, Ele é a causa de sua existência; em relação com a ordem moral, é o bem; pensado em relação a si mesmo, é Ele a Graça — centro abstrato, ponto fixo de energia que é, em simultâneo, ideal/pensado e real/existente — está primeiramente senão no pessoal e continuamente em todo o universo. Importa dizer que isto trata da realização autêntica da alethopoíesis, ou seja, uma propensão para alargar os horizontes da compreensão do ser e, por via de consequência, da elucidação do Incognoscível e, por via de consequência, da percepção do mundo.
É na conversabilidade segura com as pessoas, na vivência prática, ativa, observadora de costumes e de gente, em torno da concretude real das coisas, que a Graça se manifesta, pois ela é o cuidado ético da dimensão ontológica e espiritual do homem, mas também, antropológica na medida em que zela pelo ser social, pelo hábito da cooperação e da tolerância, pela derrubada de atos humilhantes e preconceituosos, gerando a convivência em vez de isolamento de caverna. A Graça somente se faz sentida se nos dispusermos a agir sob uma ética pessoal e social de saber orar, amar e servir. Orar que tem sentido não apenas reflexivo, mas, sobretudo, é um agir pragmático de maneira que se demonstre simplicidade nas atitudes e desprezo pelo prestígio social. Saber amar é respeitar o próximo, não cerceando a liberdade alheia; as relações do amor partilhado indiferentemente a todos os indivíduos conformam o ecumenismo em que todos os credos, crenças, metafísicas e místicas estejam juntas de modo a amenizar ao máximo a barbaria da violência das incompreensões. Saber servir impõe aos homens um processo concreto de sociabilidade cooperante e libertadora.
Por um lado, a partir do entendimento de que a Graça nos habita, todos os outros pensares fluirão naturalmente como: (1) a acepção do “ser” do homem como aquele que está no mundo, habitando-o, porque é ser-da-terra e dele partindo as diferentes experiências; como sendo, a um só tempo, compreendido entre o ser fatal e livre; como sendo aquele que reconhece em si mesmo potencialidades que o torne transformado, porém, sendo fiel a si próprio; e como o que aceita os dinamismos da vida em seus compassos contrários, mas complementares; (2) a felicidade não está no desejo de consumir ou no ato de ter coisas, dominar pessoas ou possuir bichos, visto que ela é interior ao ser; (3) a esperança da humanidade reinstaura-se no Espírito Santo, pois não é encontradiço e não é inacessível; (4) a criança reformará as estruturas corrompidas da polis. Por outro, a compreensão da Graça em nós promoverá a justeza de ações que ocorrerão de modo correspondente à promoção da solidariedade comunitária na experiência da realidade da vida cotidiana, o que inclui (A) os princípios de liberdade, equidade e os paradoxos da igualdade propalados no culto à realeza do Espírito; (B) o fazer da pedagogia conversável sob os pilares da lucidez e da ludicidade; (C) o reconhecimento de valores materiais que deem a todas as gentes trabalho, moradia e saúde, enfim, dignidade para o bem viver; (D) o redimensionamento dos processos técnicos elaborados para a maior produção de alimentos ou outros bens de consumo basilares.
É fato que os pobres estão ainda mais miseráveis, carecem da quantia mínima de capital para sobreviver e, portanto, precisam de um pacto humanitário dos países ricos que realmente efetive um esforço combinado para acabar com a fome, a miséria e migrações em massa, porque são a pobreza e a guerra os maiores fatores de risco de nossa contemporaneidade que oblitera a liberdade dos homens como a iliteracia, a violência, o terrorismo, o crime organizado e a corrupção; a concentração da riqueza sob o controle de uma minoria presa ao luxo e ao supérfluo; e o desequilíbrio ecológico. Tudo são mostras do descompasso econômico do mercado global e da insustentabilidade do modelo capitalista cada vez menos democrático, de totalitarismos e de fundamentalismos religiosos. Estamos neste no nada da existência e da convivenciabilidade fraterna.
Será inevitável que uma nova economia surja, criando outro habitus social e situações políticas completamente novas. Quiçá seja a reforma econômica da sociedade o sistema de cooperativas e dele se afaste todo tipo de subordinação a qualquer de seus membros cooperados que implica o servir cujo significado concreto, efetivo, está nos atos de solidariedade, participação e doação. O desenvolvimento técnico e o aperfeiçoamento dos instrumentos de produção devem ser feitos em benefício de maior bem estar do homem que, pelo seu aspecto externo, significa ter maior conforto, mas pelo seu aspecto interno, maior aperfeiçoamento pessoal. Isso tudo se torna uma esperança justificada para as gentes dos povos menos favorecidas, vítimas involuntárias da injustiça de homens.
A vida deixou de ser gratuita; há escravos e funcionários que sustentam o capitalismo de concorrência que, por desgraça de nada fazermos, passou para o capitalismo de opressão em que os homens, já afirmara Agostinho da Silva, são considerados como feitos para produzir dinheiro, o qual serve, por sua vez, para produzir dinheiro para produzir todas as mazelas e caricaturas humanas. Nem tempo há para pensar em rosalías. Isto é o nosso triste fadário: sem universo animado em cujo presente o passado deveria ser renovado. Estamos na diáspora da poesia que permite que todo poeta percorra tempo e espaço e esteja livre para projetar-se ao futuro.
A diáspora de nós mesmos está na perda de uma espécie de estado de perfeita liberdade e inocência partilhada de felicidade; de vida ordenada por uma comunhão entre a natureza e o homem. Isto é o “no nada”: a corrupção dos costumes e a existência que deixou de ser beatífica para ser encoberta pela vulgaridade do cotidiano institucionalizado. Assim me parece que toda e qualquer imagem poética e uma ideia filosófica — nos espelhos de palavras — não são mais projeções de um mesmo projeto humano quanto à impreterível concretização de uma nova governança mundial, haja vista que é necessário que todos os homens se sintam não apenas irmãos, mas que se sintam unos uns com os outros.
Neste “no nada” em que nos inserimos, a cultura está decadente e difusa, não sabe definir suas linhas de rumo: liberdade, comunitarismo econômico, justiça e paz. Essa falta de rumo se estende a toda sociedade atual que está em vias de um colapso econômico-financeiro que atingirá, evidentemente, os mais necessitados. Em uma capacidade diagnóstica de perceber que em todos os quadrantes toda gente de diferentes povos vive em nevoeiros, sob os enganos do imenso “império” da nova globalização, é inconteste que está ocorrendo a perda da humanidade espiritualizada (império perdido). Quando isso acontece, perde-se, de maneira inevitável, histórias de vida (passado esquecido). Desventuradamente, privamo-nos de futuro que se torna, então, inconcebido. Todo futuro depende e reclama de saberes, memória, crenças, símbolos, valores, mitos indispensáveis às nossas aprendizagens na vida, nas experiências sociais e à constituição de um mundo sempre em renovação.
Creio que o tempo é marcado por um gesto profético no qual a verdade revela-se na História. Uma História que não valoriza o futuro (por não haver nada concreto que o defina) e nem passado (por não ser glorioso). Talvez, por isso, o futuro nunca seja concebido para libertar o homem das pressões físicas e prisões mentais a não ser por uma das revoluções fundamentais da humanidade: a conectividade da teia da vida dentro da ciência do real: a Ecologia sob o âmbito da Física Quântica e da Teologia. Seria, então, imaginável que todas as gentes pudessem reconhecer a sua pertença à vida, demandando liames de confraternização para refundar vínculos sociais. Nesse sentido, Agostinho da Silva traz uma mensagem política ou de uma política de vida, logo, revolucionada e atenta a mudanças de paradigmas. Contudo, há um desinteresse de outras tantas gentes de entender que a vida tem seus jeitos para revelar planos a cumprir, visto que foram moldadas no e para “o nada”: época mecanizada que exerce poder sobre o homem, fundamentalmente, poder decisivo sobre o habitus de toda gente ao mesmo tempo em que o niilismo está presente, uma maneira de renegar as verdades morais e as hierarquias de valores. Deus está morto, logo, matamos Deus em nós. Matamo-nos. Somos destituídos, em simultâneo, do Dasein (ser do ente/o ser-aí) e do Da-sein (o ser-lá/Ser).
Estou a apontar para o problema filosófico da dissolução da i-dentidade e fragmentação ou dissolução do ser. Um ser sem passado, sem presente, que é representado por gentes envolvidas pelo niilismo, certo aniquilamento, espírito destrutivo de si e do mundo. Estão desenraizadas da vida e de vida, deslumbradas pela ilusão da transmissão cultural em que tudo é frenética e exteriormente oferecido acriticamente e quando há críticas, morrem cidadãos. Não se pode mais reconhecer nessa gente um indivíduo-sujeito. É toda gente homogeneizada pelos gostos e vícios dos consumos modernos, bem como esquecida de suas tradições, tornadas névoas, pois deixou desaparecer de si a sua natureza de Home complex, desencorajados de planos a cumprir. Constato ser isso um apelo à precisão de uma mudança ontológica para mudar a face da ecúmena: a vida de toda gente só será bem vivida se não se furtar à experiência alguma e tendo como experiência máxima a apreciação da vontade de todos os homens de todo o mundo para ser uma humanidade fraterna e viva. Isto é que vai decidir que tudo se renovará pela própria ação, particular e conjunta, de todas as gentes capazes de recriações animadas que enriqueçam o nosso patrimônio cultural com o qual podemos atingir algo sempre (de) novo: a comunhão do saber, o humanismo, o cuidado com o ser. É crucial tentar superar as estreitezas na qual nos cercamos a fim de que se estenda o amor socialmente enlaçado à humanidade inteira.
Vai assim o mundo dos homens entre branco e azul, verde e vermelho, na cruz dos braços, erguidas, morte ou infância saltam do tronco igual promessa e perdão. Deparo-me — enquanto a nave largada na nudez de o Nada, pois há revoltas de impérios e toda a ideia de Império por fazer — que passamos a ser sistematicamente fragmentados em nossa unidade, tornando-nos peças adaptáveis a todo tipo de modismos e sofisticações que podem até mesmo levar à insensibilidade diante das misérias: a do saber, a do servir, a do amar ou a do pensar, a do agir, a do ser sendo-no-mundo. É fato notório que são tantos os problemas e são tão perigosos os avanços que o homem fez, nesses últimos séculos, que quase não entende o que lhe está acontecendo e a vida vai tornando-se uma espécie de conflito de condutas e vocações existenciais que, em uma não menos evidente situação, decorre sob os hábitos do cosmopolitismo. A potência da mundialização da cultura de massa está, por exemplo, expressa nos modos de ser (opacos) e na moda (fútil) que regem comportamentos, apelam à imitação e às incitações publicitárias, muito próprias da lógica produção-consumo que desagrega e desvaloriza valores e adapta os que já estão adaptados e adapta os adaptáveis à economia-tecnológica.
Todo tipo de gente está entregue à única justificação da vida presente, desfrutar das realizações imediatas, da homogeneidade de costumes, descuidada em zelar por um novo Espírito do Tempo. O que me entristece o pensamento é saber que esses tempos modernos são de “aculturação” do homem, oriunda do poder industrial e do progresso da Técnica. Por isso, há apatia sociológica, uma substituição de uma aparente liberdade recuperada pela alienação e subjugação a um materialismo consumista e desumanizado. Sob um viés racional e intelectualmente de sentido político, devemos nos remeter a uma perspectiva ecossociológica que reivindica a não submissão à tirania ou a ditadores porque qualquer tipo de sujeição impede os cidadãos de pensar e ter iniciativa.
Lamenta-se o cerceamento da liberdade nos regimes de tirania que cultivam o obscurantismo e a pauperização de forças reivindicativas. A tirania opera uma equívoca beligerância que ofusca as relações sociais, suprime a riqueza ao povo e provoca a marginalidade das classes trabalhadoras e das minorias. Aos tiranos (em especial) falta o entendimento do que é a “coisa pública” que exige disciplina e coordenação social. Os tiranos, além de suprimirem a liberdade, parecem esquecidos de que devem gerir um bem comum e que ao povo deve ser respeitado o direito de pagamento em dia certo para prover suas necessidades que daria para isto ou aquilo, o que sobrasse, guardado. Diante dessa estupidez dos tiranos (corruptos de almas corruptíveis), a única solução é mesmo a revolução, mas esta feita pelo povo. A política não é o poder despótico, como o dos tiranos sobre os outros, mas deve ser um exercício de amor, de cuidar coletivamente da “coisa pública”.
Entretanto, começamos a ver que já há gente a problematizar a subserviência do povo aos “tiranos”, pois o jeito na circunstância é mesmo a revolução que não é culpa dos revolucionários, mas dos regimes e seus atos de violência que instigam manifestações de repúdio. A revolução deve ser feita em um processo coletivo que necessita da cooperação de todos (os povos) para dar cabo do medo, das armas, das repressões, das migrações, dos preconceitos, da fome e da miséria. Não basta eliminar aqueles que têm o poder político, mas, sim, abarcar a compreensão de que o problema está em como fazer uma nova sociedade e entender a complexidade imbricada nos problemas contemporâneos a fim de que se dissipem os antagonismos entre a liberdade, a igualdade e a fraternidade. Fartei-me das vaidades dos tiranos.
Não digo nada mais a não ser “o Nada que é o Tudo” que a todos nos falta e uma crítica ao gosto ou juízo estético no habitus cotidiano de uma “gente” produzida artificiosamente e presa a uma época de reprodutibilidade técnica que obscurece o assentimento de que o destino dos homens é ser sempre mais que humano. Dito de outro modo, de destino humano dotado de simplicidade, humildade e de uma ética que encontre na ação cultural e na educativa o caminho mais ajustado a atividades politicamente aptas à transformação do homem em todas as suas possibilidades pessoais, intelectuais e racionais.
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